quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

à lili, com amor, sempre.

como andou sendo dito em alguns comentarios, preciso me impor:
eu nunca deixei de escrever aqui.

A lili que é uma maquina de poemas
o incrível é que nao é uma simples maquina de poemas,
é uma maquina de bons achados.

que eu invejo

no bom sentido.

Não faz sentido eu escrever aqui agora,
mas o tédio é tamanho que pela primeira vez não estou fazendo um rascunho antes.
Liguei o foda-se, sem querer ser grosseira.
Nem achado, muito menos perdido,
apenas escrito


Tambem, porque escrever rascunho (?),
se nao vou te mostrar na area fumante
do shopping da gavea?

como eu vou escrever alguma coisa sem as aulas do sergio cabo pra me inspirar?

Me cansei da incerteza dessas ferias que eu nao sei quando terminam.

me da medo nao saber que em baixo de nossos pés
existem pessoas conhecidas e queridas, aos nossos lados ou na cantina.
me da medo tudo isso

nao saber escolher me da medo, decidir.

e o medo da distancia, é claro,
sempre me persegue.

preciso que voce me diga que eu preciso de analista.
porque eu sou uma como qualquer outra,
e sempre é bom.

Mas será sempre bom?
eu preciso saber se será sempre bom.

eu diria a uma analista que eu sonho, toda noite.
e que eu tenho acordado assustada sem saber do meu sonho.
e o nao saber assusta, muito mais do que acordar.

e o que ela me diria?
o que ela pode dizer de um sonho esquecido?
de que adianta os fatos se não ha memoria?
sem testemunha.

a camisa do tunico é sem cor, certo?
ele é dautonico.

e o meu sonho, da onde vem?

sábado, 17 de janeiro de 2009

ode a chica

essas mãozinhas
mergulhadas na
neve me atrapalham
de jeito gracioso;
e entre mordidas e
olhares maldosos,
você é tão macia que
eu aprendi a não ligar.
o seu rabo balança em
sinal de desafeto, mas
também sou filha e te
entendo, gata. admito
que já pensei em cortar
seus bigodes pela diversão
de te ver desorientada:
já passou. no final das
contas, a sua raiva e olhar
errático me fazem pensar
que é mesmo minha filha.

lili

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

'o caminho pra bonito..'

minhas mãos
apodrecem
com o progredir da paisagem,
enquanto eu me distraio com o som
de violinos e sintetizadores. assim
como ontem, e os próximos dias,
a minha conexão com o mundo
real consiste em fumaça e escuro.
no banco de trás do carro parece
que não se cresce, e as lembranças
das viagens antigas se misturam
com o agora e me mergulham em
desespero passivo, amenizado
nas vozes que saem do fone de ouvido.

o silêncio dos outros, dentro dos pensamentos de
fatos irreais e desejos
cretinos que causam esboços
de sorrisos, as árvores se movem
como eu me movo pelos tímpanos.
e, como que de propósito, sempre que
tiro meus óculos a paisagem me dá sono.

os sorrisos dos locais
me dão ânsia de choro.
os donos de bar, os padeiros,
o policial na rodoviária, eu quero
que eles fujam pra algo maior, além
da estrada e dos mosquitos. as suas
vidas me agonizam, mas mais ainda
suas alegrias ilógicas. o excesso de
cuidado e carinho me repelem com horror,
nessa mente dura e suja
de filmes de terror hollywoodianos.
eu quero ciganos, música, sujeira,
ódio, barulho, caos. quero voltar
ao meu elemento; não posso,
então me prendo a um pacote
de pizza velha e fria e um maço pela metade.

essa prisão tem umidificador
de ar e doce de leite, mas
as histórias do filho em hamburgo
me trazem brilho nos olhos e
uma coceira de pular num avião
e ir também. um aeroporto cheio
de concreto e uniformes e aeromoças
e carros e vozes modernas.

e no meio do pântano, dos belos pássaros,
alguém fala sobre contemplação pessoal
no mato. que belo, penso eu, que triste, eu sei,
que vejo mais poesia num bloco de concreto
do que em qualquer árvore.
tudo é realmente adorável mas
a apatia incontrolável me dá um prazer nojento.
foi tamanha que nem os insetos ligaram
pra mim - eu cantarolava e apenas o cão
me ouvia- "time takes a cigarrette, puts it in your mouth..."
o guia me agradava; me agradava também (e mais ainda)
o seu desejo de ver o Rio. de ver o mar
que eu tanto negligencio passando o tempo numa cama
vendo filmes na tevê e procurando algo pra passar
o tempo até que seja tempo de sair.
percebo que a lua aqui é a mesma que eu vejo
de casa, e que passarinhos também pousam
na minha varanda - lá, entretanto, eu posso fumar em paz.

lili (já perto do rio e feliz)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano novo

Primeiros dias
Desesperadores
Pressão_ preciona-me
[Haja preciosidade]

Nervossismo esse
Quase inconsciente
Em conjunto
Em todos.

Esperança
De que?
Realizações tardias
ainda são satisfatórias?

É apenas outro dia
Apenas Mais um dia
A ser vivido

Sofrido
E amado.

E pronto,
Ponto.

Nosso castigo
,por ter vida,
É acordar todos os dias
e ter a mesma cara

[mesmo rosto, e rastro]

No espelho
que cisma em estar
junto a pia.

Hoje me deparo:
Um rosto diferente!
Devo estar apenas
um pouco mais



cansado.




por anouk