sábado, 30 de agosto de 2008

Um passeio pela praia carioca.

Os pelos do Norte
não parecem atuar sobre mim.
Me falta calor.
Ou falta o frio,
para a vontade de me aquecer.

A imagem treme entre os carros,
a praia ao lado já não me atrai.

Tantos macacos lutando
por um pedaço de terra...

Ou tantas formigas, todas juntas,
trabalhando para o cancêr de pele.

Individualistas de merda.

Prefiro a pele branca,
da minha amiga Lili.

O cheiro de maresia, porém,
é quase orgásmico!
como aqueles dedos de salada
(oh, que dedos...)

Entretanto, tal aroma se dissipa
entre o suar de altinhas.
E caminhando ao lado de Iemanjá
Levo uma bolada na cara

E o candomblé perde todo o seu charme.

Sinto falta de Ilhéus:
Vesúvio de canela
E nosso caro Jorge, amado.
Transbordando por cada janela!
Iemanjá, Janaina, ou simples Maria,
Lívia sozinha.
Ensinamentos profundos

Que rolam na bola da altinha
E se perdem
No peitoral suado, de isac-garanhão.



por anouk

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Estocolmo

Foi passivo e lento,
Nazista!
Atormentou-me por anos
a fio, a esmo

Fizeste um porão escuro no carro
e nas viagens e cachoeiras -
O inferno foi morno;
"O frio é ilusão da matéria."

Eras um belo monumento,
Alta e Austríaca, a mão na enxada
(um Jaleco, uma Pauta)
e o sorriso Conquistador: Oportuno

Deu-me gosto pelas correntes
e chicotes de penitência gratuita
Que agora, sintomática,
aplico a mim mesma sem auxílio.

por lili

Fancha

Campo de papoulas inundado
pelo mar cinza de todas as cores.
Suas ondas violentas, tempestuosas
Azul escuro arrasador.

Bocado de flores, redemoinho:
Explosões desconexas!
Porções de vida no branco tecido
com furinhos metálicos; Covinhas!

São meras raízes
da árvore ruiva
de madeira rosa-escuro.

por lili

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Repulsa

Vem como mãos nas paredes,
pelas sombras, desajeitadas e
asquerosas, puxando o braço
Tic-tac Tic-tac Tic-tac

Cabelo amontoando na pia
Corta, morre, molha-
Me encara! Como um
assado de coelho apodrecido.

Há um ronronar no meu pé--
E a angústia, como uma mão
puxando-me agora pelas canelas,
me faz cair com a cara no chão.

por lili

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

"Os dias se passam como marinheiros..e os anos chegam como portos"

Essa queimadura
no tornozelo
não é memorável,
crê-se

(Sopra um assobio
pela tampa
de uma caneta)

A ferida é
atiçada pelo
toque;
Descascada-

Como as paredes
da velha
casa.

Venta um grito
do bule de café
ali,
no fogão

Mas não alerta
sobre a brasa
voando na pele.

por lili

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

as mariposas ficam confusas

o click da câmera, o
click da boca, o click
da fogueira, o click do
abajour sendo aceso

"Pour la France!",
ela grita
dentro do seu corte chanel
preto com franjas pesadas

Valentina está sempre
nua
por trás das câmeras,
tirando os cílios falsos.

por lili

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Urna

(eu) Choro cinzas
Pó até minha boca.
Descomandado
Me olho:
Nem morte,
nem vida
Nem mesmo cinza.
Incolor
Um pote de tinta
Meu olho seco
Vazio, e só.





por anouk

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"E no momento pequena senti alguma morte"

a fumaça alivia a água dos pulmões,
mais uma vez se afogando.
ainda é dia, ainda é dia, e só um;
um atrás do outro.

apreensão, vá embora:
não é querida por aqui.

as veias pulsam enquanto
esse sangue aflito corre
E me mata, digamos,
de desgosto, nem tristeza

mas nervoso.


por lili

domingo, 3 de agosto de 2008

...

minhas maos tremem no mouse.
me mostre alguma beleza.

o que eu vejo pela tela simplesmente não é. Não conhece o verbo ser.

Aos poucos começo a desconhecer.
As pessoas esperam que eu tenha conhecimento,
e ele se vai conforme as vivências

Porque querem que eu conheça?
o conhecimento se passa até que me prendam em um caixão
a beleza que sobrevive vai além disso tudo


Eu só quero poder enxergar isso.

" A nossa fraca mente esconde-nos o infinito"





por anouk

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

mais do que todas as baleias do mundo multiplicadas por infinitas baleias

parece que quase todo esse amor vive preso, protegido dentro
de um grande caixote de vidro.
que por mais q me esforce; grite, chore, pule, beije,
perca todo o meu folego, recupere, perca,ciclicamente,
nunca conseguirei soltar todo esse amor. o caixote chega a rachar.
preciso de ar, mais uma vez. o pouco que se espalha ja extasia. mas eh o nada do muito.
o tal amor eh em parte encaixotado por um simples motivo: ele eh maior e mais forte
que qualquer ideia, ser ou coisa; seria impossivel suporta-lo.
mas no fim das contas, o caixote faz dele algo inesgotavel.imortal.

por manu.