segunda-feira, 11 de junho de 2007

saudade

Da saudade enxergo o carinho,
lentes que me destroem.

Costuro lembranças,
Que lembranças terás de mim ?

Quando descrevo um suspiro,
quero que o sinta perto de ti

Quero que sinta
Quero que saiba

Como hei de te abraçar,
Se apenas palavras tenho a oferecer?

como te demonstrar,
Se um abraço não sou capaz de descrever?

por anouk

terça-feira, 22 de maio de 2007

Stratocumulus

Se teus pés enxergo em meio a núvens,
Ensina-me a flutuar
Se passa um vento e arrepio-me,
Seu calor procuro.

Não é frio,
Não é aviso de chuva,
Nem tempestade.
Não é pelo gelo que minha pele grita.

Mas pela núvem.
Meu medo
Verei teus pés outra vez ?



por anouk

domingo, 20 de maio de 2007

Ir e vir ou Poema sensório

Como a água ou o amor,
quero ir e vir
e assim transbordar pelos olhos
e molhar pedras quentes.

Ser o movimento da pedra
que quase nada
move-se com a corrente.

Comeria todos os momentos
que passam incapturáveis.
Como chocolate,
comê-los com vontade.

Como pedras, ou amor.

O amor que não se cansa,
consome, e depois some.
Como a água,
molha sem pedir.
Como o sol, resseca.

Como amor como chocolates
e às vezes como pedras.

por Julia

terça-feira, 3 de abril de 2007

Falta

Me aperta o peito,
a falta.
A falta que sentirá.

Saudade estancada em seus olhos,
olhos que choram
Saudade que está por vir.

Medo do novo,
medo da mudança,
medo da falta.

a falta que todos temem
a falta que chegou
ou a falta que foi ?

foi e senti falta

sente falta,
me aperta o peito
imagina, pára! Espera

o que faz a falta?
o que fazemos a ela?
o que fazemos para sentir falta ?

(anouk)

segunda-feira, 26 de março de 2007

Menino Pinóquio

O menino pinóquio

Que nobre lição de vida
Nos ensina o menino pinóquio

Esculpido boneco,
De consciência externa,
Um dia ousou levantar
E caminhar pelas próprias pernas.

Feito marionete,
Cuja função era agradar,
(mas que nobre lição de vida)
Um dia pôs-se a cortar
As cordas que lhe davam vida.

Depois de libertar-se,
Algo muito maior em mente:
Esculpido boneco,
Feito marionete,
O pequeno pinóquio
Agora queria ser gente.

Mas depois de feito homem
De carne, osso e suor
Descobriu como é duro ser homem
Como é duro andar por si só.

E sendo homem percebeu
O quão medíocre a vida era.
Eram corpos ocos, vazios,
com eco,
Feito marionetes,
Como simples bonecos.

(Santiago)

quarta-feira, 21 de março de 2007

VidA

Você canta
Canta como canto
Me encanta

Retrato vivo
Morte?
Vida.

Vida entregue,
Que me entregaste
Que me deste para amar

E amo

Amo muito.


(por Anouk)

segunda-feira, 5 de março de 2007

A realidade não pode mais ser escondida

Para todos nós, cegos e surdos do que não queremos saber, eu digo em nome de muitas crianças que já tentaram se fazer ouvidas: " O que eu quero ser na vida eu sei que nunca vou ser."
A esperança que morre a cada dia na vida dessas crianças pode ser pesada demais para nós que vivemos nossa vida tão confortável. Presos no cotidiano, nas sensações medíocres de todo dia, não nos damos conta da nossa realidade. Devemos nos calar e passar o problema a diante? Afinal onde está a raiz da nossa miséria?
A violência que a cada dia tememos um pouco mais é gerada por aqueles que a causam diretamente, ou por nós que não damos a esses oportunidade de vida melhor? A frustração dessas crianças é indiscritível. Se não nascem predestinadas a trabalhar com os pais de maneira forçada, cruel e ilegal, nascem sem futuro algum, sem caminhos, sem oportunidades. Perda de tempo investirmos em medicina, tecnologia, se olhando dessa forma nossa sociedade não tem futuro algum.
Como ganhar esse jogo se não apostamos nenhuma carta ? Nunca é tarde para tentar.

(por Anouk-
escrito após assistir o documentário : "nascidos em bordeis")

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Minha Realidade

Se não fossemos todos escravos do tempo, eu poderia estar empinando uma pipa agora.
Acho que nunca impinei uma pipa.
O mais próximo disso que lembro-me é ver meu irmão mais velho com uma grande pipa na antiga garagem dos meus avós. Próximo a mesa de ping-pong, perto da salinha onde ficavam as bicicletas. Como sinto saudades daquela casa.
Aquela escada de carpete e aquelas pilastras brancas. Aquelas pilastras que para mim foram árvores muito altas, esconderijos aonde os vilões sequestravam meus bichinhos de pelúcia. O chão do andar de cima que fazia muito barulho quando eu e meus irmãos pulávamos. O teatrinho de fantoches. As brincadeiras de selvinha. Aquela cozinha branca com armários mágicos. A inveja de minha irmã na mesa de jantar. A raiva de minha prima por dizer que a Pippona não passa de uma boneca. A saudade de conseguir brincar sosinha. Eu e as pilastras. Eu, os bichinhos e as bonecas. Ninguém para discordar da minha imaginação. Ninguém para me dizer que um urso não pode voar. A prova de que a realidade não importa. Pelo menos não importava, não quando eu podia ser sozinha, quando não precisava me interagir com o outro, com o padrão do que é chamado de real. A realidade não passa de uma simples teoria para sermos aceitos e compreendidos diante de tão diferentes mentes da sociedade.

(por Anouk)