domingo, 24 de janeiro de 2010

caminho de ida

tum
tum tum
tumtumtumtum
turum
tumtumtumtum
turum tum
tumtumtumtum
trum
tumtumtumtum
um cão corre
por entre os
vinhedos
tumtumtumtum
tumtumtumtum
Prossima fermata
Napoli.

-lili

disposição trágica

me fere,
o caco quebrado
no chão, nunca
encontrado, em
misto a poeira,
sou eu.

-lili

ascenção e queda de um relacionamento na primeira hora do percurso do trem

a gente dormia
em mesma sintonia,
cabeças inclinadas

o seu telefone toca
- hm. hm.
você bate os dedos
na calça, fazendo
barulho
Hm

acordo, você já nem
liga mais.
tiro o cachecol
e esbarro em você
Desculpa

mas a gente trocou
de estação, você ficou
puto e mudou de
lugar, já é tarde
demais.

-lili

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"possante-me" marujo!

Eram corpos de biquine
posando no
mastro do
barco

,muitos corpos
em pose
,posando
possando
possante
possui
nao, nao possui
quer possuir

sobem na retranca
e enquanto dançam,
possantam (possuem)
de forma intensa
como nunca se havia visto

tais meninas
tao novas
tao puras
macias e comportadas.

o mais estranho
de tudo isso
é que nenhum marinheiro
realmente
parou para olhar.



anouk

sábado, 9 de janeiro de 2010

dialogo entre duas pessoas intimas em uma manha de cama magnetica.

- Uma depressão é um ponto ou região mais baixa que os pontos à sua volta.
- é assim que voce trabalha, com palpites e suposicoes?

olhos cheios d'agua. Mariana nao sabia mais o que dizer.


-anouk

'seu rosto na luz da manhã, você é tão cool'

vocês todos
vocês sem dentes
cheios de mãozinhas
que tem dedos e unhas,
vão ganhando osso
e às vezes a boca
e os olhos continuam
os de sempre, dançando
muito lindinhos enquanto
vocês falam e mexem
o rosto e o corpo que
vai junto e é aquele
esqueletinho que
não é mais tão rosa
mas continua macio
mesmo vocês tendo
já mais de um metro
e setenta e usarem
roupas até mais
engraçadas que
quando ainda
não tinham
nem registro.

-lili

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

quem sabe um intervalo ou até todo um fim

chega de xícaras
chega de chá
bules nunca causam
grandes danos, pires
enojam até a alma
mas a porcelana
se quebra e a
alça reta não
mais o é.

-lili (acho que de uns meses atrás)

"alguns elogiam na manhã o que culpam à noite"

sempre preferi
o nada
onde o nado
é difuso e
cada palavra
doce se
torna ondas
que a tudo
encaixotam.

-lili

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

demência

muitos dedos sem
palma, que em
tudo encostam
e nada seguram.

bundas empinadas
para o ar esperando
uma palma-
palmada, de mão
cheia, mas mal
conseguem
o toque de uma
planta do pé

pés que nunca
chegam ao chão,
com membranas
que fazem nadar
e não tem
aderência.

tudo corpo,
e seus adereços--
que a nada tocam,
sem o peso
de alma alguma.

-lili