domingo, 29 de novembro de 2009

osx

dois dias se
passaram e eu
sinto falta de
tamborilar os dedos
antes de te abrir,
de me arrepender
pelas marcas
nunca cicatrizadas
que causei com
desleixo, meu
repertório
inteiro nas tuas
entranhas que
no momento
estão nas mãos
de estranhos!
fico tão nua e
branca quanto
você, vulnerável
como uma idiota.

-lili

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"O doutor não está...ele está desenhando esta página!"

te tenho novamente
em meus braços que
mal aguentam
o peso que você
tem em alma!
os seus óculos
e as suas mãos
que desenham,
seus sonhos
compartilhados de
subterrâneos cristalizados,
fragmentos de efeito
oníricos; você é o
amante e criador
do amor,

"vai, maldita, mais maligna!"

-lili ("não, assim não! é gibi demais!")

"Arno tem oxigênio para quatro minutos e meio"

acabaram em um ano, dois.
o primeiro como se fosse um final
épico, cheio de sensações veraneias
douradas e cálidas de nostalgia
antecipada.
o segundo como um meio,
sem raios de sol na luz e no
calor, sem abandono ou até
encerramento; acabou
e deixou pra trás um começo,
sem mesmo ter terminado.

-lili cansada

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

geada em aula

lábios são vermelhos
unhas são azuis
meu casaco é de crochê
e eu fui
burra
em vesti-lo antes de sair.

-lili

sábado, 21 de novembro de 2009

Norridge-wak



tirar esse
vestido e
depois essa
roupa, despir-se
de cada músculo
pouco desenvolvido
até virar só osso
e olhos.

-lili

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

três pausas antes de bater na tua porta.

Essa casa, símbolo
máximo da tua
incapacidade de
amar. Museu de
vida fabricada,
mausoléu de infâncias
destruídas, gritando
no seu abraço frio.

Mais um câncer maligno.
A sua persona que
ainda cobra
caprichos, a
sua patologia
escondida pelo
sorriso afetado,
esse bando de
lembranças novas
que você empurra
insistente, se agar-
rando a nós como
uma inocente.

A sua solidão não-
declarada me vinga:
por todos os momentos
que você privou,
por me fazer desejar
pernas-grossas e olhos-azuis,
por inventar sua linhagem
pura e me trancar na
condição do judeu.

As construções de
areia que me roubaram
anos,
você ousa me puxar de volta.
Mas mal sabe
dos afagos que
agora ganho
pelas manhãs.

-lili

A gaivota na sua assinatura...

Molly, a irlandesa,
morreu enforcada
por suas palavras
nos traços de outro.

-lili

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

soirée

o mais beócio
dos bojos do baile,
ela te olhava

- eu quebrava
a espinha e você
achava que era
um samba diferente -

tão dissimulado,
tão concentrado no
decote alheio.

-lili

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ah, a nova inglaterra

por trás das
portas de madeira
molestam-se sobrinhas
envoltas em vapor

chapéu, fivela e
batina, ao lado
da banheira, tudo
veêm sem pudor.

lili

pneumática II

na porta do
assalto, fanática,
mãos ao alto, o
público delira
com o rifle
provido de ira
em meio aos
gritos de "Ática!"

e a amante,
travestida, pneumática,
esperando a
ligação, observa
horrorizada seu
herói indo à
prisão, terminando
arrasada, enrus-
tida e asmática.

-lili, para andré

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

pneumática

balança de um
lado para
o outro
na auto-asfixia
mais fleumática...!

semblante cinzento,
enrugado, sua puta
rodada, que fim
mais ingrato:

a árvore
em que se pendura
jamais se compara
aos chãos que
a tocaram.

-lili

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

era tão cedo que não pude perceber melhor

as sombras dos homens
que se derretem
em palavras
afetuosas num papel
que é corpo e
é casa
e é olhos e
mãos.

a equilibrista se
morfa de forma
alongada e a
pele suave que
é cabelo e é
mar constitui
o amor dos
verbos das sombras.

lili

"as árvores, como pulmões, se enchendo de ar. minha irmã - a má - puxando meu cabelo."

ainda é difícil
ouvir o som do elevador
e lembrar que
estamos todos aqui.

-lili

e alem do mais, piadas cretinas

a luz azul e o
reflexo rosa nos
braços finos que
se resumem a
nada.

até a árvore zomba
desses gravetos,
apedrejando-os
com golpes vagos.

no mesmo cenário em
os pés costumavam
sangrar, as mãos
de vulcão
apodrecem e viram
o mesmo que o tabaco
queimado:

restos morais.

-lili

"antes um punhal que a tua mão em mim, Franz"

essa pirraça-
pirraça!
invisível porque não
é percebida
que cansa cansa cansa
e eu bato o pé no chão
e faço biquinho
e fico com os olhos
grandes e nada, nada
da minha má-
criação faz barulho.

lili

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Terceiro sinal (achado de 2007)

Apenas mais uma noite de segunda-feira.

Derrepente me vi
curiosa.
Não me sentia assim
fazia tempo.

tempo?

Era aquele armário;
derrepente aparecera ali.
Será que sempre
sempre estivera presente?
nunca havia
sentido
aquele peso!

A gente vai vivendo e as coisas vao passando dispercebidas...

Aquelas
grandes portas
de madeira maciça
não pareciam
assombrar-me aos 10 anos

tempo.

Porque apareceram
ali,
agora?
Curiosidade,
já tão grande!
e o peso
daquelas
grandes portas
de madeira maciça
me segurando!

resolvi abri-las.

encontrei aplausos.



por anouk