quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Francisca-clichê


As garras regozijam
diante de ti, brincalhonas:
Arranhando, puxando, mordendo
Talvez beijando também.

E inicia-se o desmantelamento.
O fio rola, você
desenrola, os fiapos saltam
para flutuar nos cantos empoeirados--

"...o novelozinho caiu."

-lili

Gaveta Aberta

Passos largos sobre o chão de parquet:
Nunca estiveste tão bela e rosada,
carregando caixas pesadas em teus braços,
frágeis e delicados como a flor da lapela.

Envolvidas em plástico, deitadas
perto das janelas que chegam ao piso,
- Deixe as cortinas pra depois...
(Já que a paisagem não nos invade)

- Vamos à varanda, não está frio demais
para filar um cigarro nesse fim de tarde
ligeiramente cinzento; Ainda é muito bonito
aqui, por sua boca ser o destino da minha fumaça.

por lili

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Respiração por combustão

A molécula de oxigênio
De uma só vez é quebrada
então,
Uma enorme labareda
Levanta o vôo fenixiano

Tão alto
pássaro belo voa
que o fogo,
(maior gerador de vôo)
Como mais leve elemento natural
Se vê em lugar de limite

Então as cinzas caem,
Como a gravidade
E de tudo isso
que surgem,
os pombos mortos,
esmagados no asfalto.

conclui-se: Pombos nada mais são que fenix queimadas.





por anouk

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Bem Capaz

A valsa continua
no passo dos seus
goles na champagne.

Sentado numa mesa
fazendo bico, franzin-
do a testa; pedindo
amor de longe da
pista. Fatalmente
iria demorar, doce.

Mas seu drinque
virou uísque e seu
bico virou dentes.
Salva pelo gongo
do final da música,
pra ti eu corro com
abraços, beijinhos;

e nem ligo para o
bafo de puro-malte
com gelo e amargu-
ra pessoal: Te amo!


por lili

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Me Vestiam de Branca-de-Neve quando eu era Vandinha

O mórbido não é o abismo; O mórbido é a liberdade!
Não é escuro, não é a morte - é espuma dissipada no ar em forma de névoa, me faz etérea, permite que eu flutue sentindo as partículas do universo entrando nos poros.
Céu cinza, muita bondade.
Lago negro reflete o que você é:
Narciso Pessimista.
...Surge uma tulipa negra (e um campo de papoulas sangrentas-- saiotas!)
As pupilas dilatando até o olho inteiro estar como o ébano, absorvendo toda a luz do mundo.
Foi assim que Kafka viveu, e foi por isso que cedo morreu.

por lili

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Aquele pouco de nada

O pano listrado
que envolve meu pescoço,
não está ali para me aquecer

Apesar de fazê-lo.

Porque não puxa logo,
Pela ponta,
E acaba de uma vez essa volta?

Volta logo.

A regressão é dolorosa,
porém,
Aos poucos e levemente,
Involuntariamente [!]
Meu pé em ponta,
sobe minha perna,

Então aquele simples giro,
visando a volta,
torna-se eterna pirueta.


Bravo.






por anouk

Índios

Até o amor Alheio
me é sufocante.

Cores,
Flores,
Corações,
Poemas,
Sorrisos.

essas cores, essas
cores são como facas!

No meu
Livro de
Amor
Terá
Sangue

E moedas brilhantes, e
pés esquerdos e torturas macias.

...é o Amor que me foi apresentado!

por lili